quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Deputado apontado como lobista marca coletiva e não aparece, em GO

Operação Miquéias dominou sessão na Assembleia Legislativa nesta terça.

'Apenas almocei', diz outro político fotografado com suspeita presa pela PF.

O deputado estadual Samuel Belchior (PMDB), apontado pela Polícia Federal como lobista de um esquema de corrupção, convocou uma entrevista coletiva para prestar esclarecimentos, na Assembleia Legislativa de Goiás, em Goiânia, mas não compareceu. Mesmo com a ausência dele, o suposto envolvimento do político com a quadrilha desbaratada na Operação Miquéias, da Polícia Federal (PF), dominou a sessão na tarde desta terça-feira (24).

Segundo a assessoria de imprensa de Belchior, ele decidiu não se expor mais e, por isso, não foi ao local marcado com a imprensa. Em diálogos gravados com autorização da Justiça, o político goiano chama de "chefa" uma das mulheres presas como lobista do grupo suspeito de lavagem de dinheiro e fraudes em fundos de previdência em Goiás, no Distrito Federal e mais oito estados do país. Ao todo, 20 pessoas foram presas.

Para a PF, o parlamentar goiano intermediava contatos entre os membros da quadrilha e políticos de Goiás. No inquérito consta uma foto de Belchior com a mulher, o deputado estadual Daniel Vilela (PMDB) e o deputado federal Leandro Vilela (PMDB) em um restaurante em Brasília. O encontro, segundo a investigação, aconteceu no dia 27 de março de 2012 (veja foto abaixo).

Na sessão desta terça-feira na Assembleia, o deputado Daniel Vilela aproveitou para comentar sobre o encontro com os colegas parlamentares. "Estive com uma moça que foi presa e está sendo investigada, durante um almoço...Não pratiquei nenhum crime. Apenas almocei e falei por telefone com uma pessoa que eu não poderia saber se ela ou o grupo era competente ou praticava atos de corrupção", justificou.

Em entrevista após a fala na tribuna, Vilela explicou que o almoço aconteceu em um dia de visita ao PMDB nacional, no Distrito Federal. "Depois da visita, fomos almoçar. Ela [suspeita de lobby presa pela PF] ligou para o deputado Samuel Belchior e pediu que ele nos apresentasse", relatou. Nesse encontro, segundo o parlamentar, a jovem não falou sobre negócios.

"Posteriormente, ela ligou e disse que representava um grupo que fazia investimentos em gestão previdenciária. Ela queria que eu pudesse apresentá-la para prefeitos do meu partido, mas isso não aconteceu. Tanto é que eu sequer sou objeto de investigação [da Polícia Federal]", disse o peemedebista.

Encontro de deputados goianos com susposta lobista em Brasília (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Foto de almoço em Brasília consta em inquérito da
Polícia Federal (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Aparecida de Goiânia
O deputado Túlio Isac (PSDB) também aproveitou o tema para cobrar explicações de Samuel Belchior e disse que a prefeitura de Aparecida de Goiânia, administrada por Maguito Vilela (PMDB), pai de Daniel, fez investimentos de mais de 8 milhões em um dos fundos investigados na Operação Miquéias. Os dados apresentados pelo tucano são do Tribunal de Contas do Municípios (TCM). Procurada pelo G1, a PF informou que não pode confirmar o nome das empresas investigadas.

Em nota, a assessoria de comunicação da prefeitura de Aparecida de Goiânia confirmou o investimento. Disse que a aplicação em questão foi realizada pelo ex-presidente do Fundo de Previdência dos Servidores do Município de Aparecida de Goiânia (Aparecida Prev), em junho de 2012, e até outubro do ano passado apresentou resultados positivos. No entanto, depois de outubro não apresentou os rendimentos esperados.

Com isso, o ex-presidente do Aparecida Prev acabou exonerado porque "não cumpriu a determinação do prefeito de investir apenas em fundos de investimentos administrados pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal".

A nota esclarece ainda que o prefeito determinou o resgate do investimento, mas isso só pode ser feito 1.470 dias após a solicitação de retirada. A assessoria diz ainda que o Aparecida Prev não é investigado pela Operação Miquéias e que o investimento encontra-se sob análise do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

Questionado pelo G1, Daniel Vilela disse não ter nenhum envolvimento sobre o investimento da Aparecida Prev com a empresa supostamente envolvida em lavagem de dinheiro e fraudes em fundos de previdência. "Esse contrato foi fechado bem antes de eu conhecer a jovem presa", garantiu.

Deputado estadual Daniel Vilela (PMDB-GO) (Foto: Gabriela Lima/G1)
Daniel Vilela diz que nunca marcou encontro de lobista com prefeitos(Foto: Gabriela Lima/G1)

Fonte:  G1 GO