sexta-feira, 7 de junho de 2013

Oruro: com 'felicidade incompleta', corintianos prometem 'beber muito'

Em entrevista por telefone, torcedores comemoram liberdade, mas lamentam que outros cinco permaneçam na cadeia boliviana

presos oruro (Foto: Reprodução)
Corintianos libertados em Oruro (Foto: Reprodução)
Sete dos 12 corintianos detidos desde fevereiro na Penitenciária San Pedro, em Oruro, na Bolívia, foram libertados no início da noite desta quinta-feira. O sentimento na saída era de surpresa, mas também de “felicidade incompleta”. Acompanhados do ministro conselheiro da embaixada local, Eduardo Saboia, os torcedores comemoraram a saída da prisão, e ao mesmo tempo lamentaram a permanência de outros cinco companheiros no local. Eles foram liberados porque a justiça boliviana entendeu que não tiveram participação na morte do garoto Kevin Espada, de 14 anos, atingido por um sinalizador marítimo durante o jogo entre Corinthians e San José, pela Libertadores, em fevereiro.

Entre os libertados estão quatro representantes da Gaviões da Fiel (Danilo Silva de Oliveira, Tadeu Macedo Andrade, Rafael Machado Castilho Araújo e Clever Souza Clous) e três da Pavilhão Nove (Fábio Neves Domingos, Hugo Nonato e Tiago Aurélio dos Santos Ferreira). A previsão é de que os sete cheguem a São Paulo na tarde de sábado.

Essa liberdade é uma felicidade incompleta. Precisamos esperar os outros cinco"
Tadeu Macedo Andrade
 
Em contato com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM por telefone, Tadeu Macedo Andrade, um dos sete libertados, disse se sentir "desorientado" em relação ao que acontecerá nas próximas horas. Os torcedores deverão ser encaminhados à capital La Paz, onde terão passaportes, documentos e passagens providenciadas para o retorno ao Brasil.

– Essa liberdade é uma felicidade incompleta. Precisamos esperar os outros cinco. É lógico que estamos contentes e muito agradecidos a todas as pessoas que nos ajudaram, principalmente o pessoal da Embaixada. Eles acharam o caminho da nossa liberdade. Nas próximas semanas, vamos ajudar os cinco a sair daquele lugar também – afirmou Tadeu, que é diretor-financeiro da Gaviões.

Os libertados ainda se reunirão para traçar uma estratégia em busca da liberdade dos outros cinco: Reginaldo Coelho, Leandro Silva de Oliveira, José Carlos da Silva Júnior, Marco Aurélio Nefreire e Cleuter Barreto Barros continuam sem previsão de saída da Penitenciária San Pedro. Em nota oficial, o Corinthians prometeu empenho, através do presidente Mário Gobbi, pela saída dos alvinegros em questão.
Penitenciária San Pedro, em Oruro (Foto: Leandro Canônico)
Penitenciária San Pedro, em Oruro, onde estão
cinco corintianos (Foto: Leandro Canônico)
– Vamos nos reunir com calma depois para definir como vai ser a ajuda aos cinco. Fomos pegos de surpresa com a notícia hoje. No horário do almoço nos avisaram que iríamos sair, e já fomos atrás dos documentos e de todas as coisas para ir embora. Vamos conversar com calma hoje à noite e amanhã cedo – completou Tadeu.

Acusados de participação na morte do torcedor boliviano Kevin Douglás Beltrán Espada, de 14 anos, atingido por um sinalizador marítimo no empate por 1 a 1 entre Corinthians e San José, na estreia do Timão na Taça Libertadores da América deste ano, os torcedores permanecem em Oruro desde o dia 20 de fevereiro. Um período que eles acreditavam que nunca terminaria.

Estamos eufóricos sobre a situação. Agora, me desculpe a linguagem, mas vamos beber para c...."
Tiago Aurélio dos Santos Ferreira
 
– Buscávamos várias coisas para ocupar todo o tempo de angústia. O relógio não andava, a noite não chegava. Não conseguíamos dormir. Cozinhávamos a nossa comida, ouvíamos música, assistíamos televisão... Cadeia é um inferno, e foram mais de 100 dias de convívio. É complicado ocupar a mente – disse Tadeu.

– Cadeia é ruim todo dia, em qualquer lugar do mundo. Viver lá dentro é horrível. A pior noite é sempre a próxima. O que está por vir agora nós não sabemos – emendou.

Tiago Aurélio dos Santos Ferreira, representante da Pavilhão Nove, revelou que os sete libertados cogitaram permanecer na cidade onde estavam detidos para ajudar os companheiros restantes, mas foram aconselhados a rumar para La Paz o quanto antes. Questionado sobre a primeira coisa que faria como libertado, Tiago adotou o bom humor.

– É uma mistura de emoção e tristeza. Precisamos ir embora, porque não é bom a gente ficar em Oruro. Estamos eufóricos sobre a situação, é até difícil falar. Agora, me desculpe a linguagem, mas vamos beber para c... – afirmou, entre risos.

Fonte:  GLOBOESPORTE.COM